segunda-feira, julho 09, 2007

Hoje...

Hoje...
Não sou das letras
nem dos sons
Sou de lugar nenhum.

Agora, que regresso, são novos os retratos
sobre o tampo da mesa; e outros também
os livros e os enredos e as histórias
concebidas sobre a cama onde antes se
demorava o meu perfume se eu partia.

É como se voltasse apenas de perfil; e
do romance outrora longamente entalado
entre os dedos já só sobrasse uma lombada
estreita, acanhada na estante. Havia um
sonho exausto sobre as minhas pálpebras
antes de ter chegado, e agora,

que regresso, não tenho voz que o diga -
sou de lugar nenhum, ninguém me tem...

Maria do Rosário Pedreira